quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

EDUCAÇÃO: O FUTURO ESTÁ EM NOSSAS MÃOS


EDUCAÇÃO: O FUTURO ESTÁ EM NOSSAS MÃOS
José Henrique Vilhena – Folha de São Paulo

A posição do Brasil no que se refere ao acesso da juventude
ao nível superior, comparada com a de diversos países (em
especial na América Latina), é no mínimo lamentável. O número
de matriculados corresponde a cerca de 13% da população entre
20 e 24 anos, muito inferior ao da Argentina (39%), Chile (37%),
Bolívia (23%), França (50%), Espanha (46%) ou EUA (80%), país
que caminha rapidamente para a universalização do ensino
superior.
Temos hoje cerca de 2 milhões de alunos matriculados no
ensino superior. Desses, 21% estão nas universidades públicas
federais, 13% nas universidades estaduais, 6% nas universidades
públicas municipais e 60% nas universidades privadas. É verdade
que, ao contrário do que ocorre na grande maioria das
instituições privadas, a pesquisa de alto nível está fortemente
concentrada nas públicas, especialmente nas redes federal e
estadual de São Paulo. Mas isso não pode justificar o pequeno
número de alunos que elas são capazes de absorver. É
fundamental e urgente desenvolver estratégias de aumento das
matrículas, garantindo a qualidade do ensino e da pesquisa.
Todos sabemos que, nos últimos anos, o sistema de
financiamento das universidades públicas tem atravessado uma
sucessão de crises, embora a qualidade geral do ensino tenha
melhorado. Mesmo em momentos de crise, quadros bem
qualificados são capazes de melhorar seu desempenho (fato,
aliás, mundialmente reconhecido).
Essa melhoria, porém, não é suficiente para equacionar os
difíceis problemas da nossa sociedade – sobretudo os da
juventude, que precisa de excelente formação para disputar
postos de trabalho em condições vantajosas e garantir o
crescimento econômico e sociocultural do país. Assim, nós, que
temos pleno conhecimento da dramática situação de 87% da
juventude brasileira, sem acesso aos benefícios da ciência, da
tecnologia e da cultura, impedida de participar da construção e
das decisões da sociedade, estamos obrigados a buscar soluções
urgentes. Do contrário, que futuro se pode esperar para uma tal
sociedade? Não podemos nos comportar como a elite brasileira
do século 19, que, na forma de escravidão, embora sabedora de
seus malefícios, convivia com ela de forma hipócrita e desleal
para com o país e seu povo.[...]

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